Nuno Almeida
Uma reportagem sobre o estado actual de Timor-Leste. Apresenta uma visão sobre os planos social, económico, político e linguístico, colhendo opiniões de várias pessoas ligadas ao processo de desenvolvimento de Timor. Claro que a perspectiva oferecida é portuguesa e, no que à esfera linguística diz respeito, ilustra bem as dificuldades com que se deparam os agentes lusos: desconhecimento do terreno e dificuldade em falar de uma estratégia própria.
É visível o desconhecimento do terreno linguístico, mas o jornalista não se acanha: “Na verdade, o tétum ainda não é bem uma língua, é mais um dialecto em formação que absorve muitas palavras do português e do bahasa indonésio”, o que vem explicar o facto de que, “em Timor, não há duas pessoas a falar tétum da mesma maneira”.
Escusando-me a comentar de modo sério a óbvia barbaridade das anteriores afirmações do ponto de vista linguístico, noto agora que Timor-Leste não tem duas línguas oficiais: tem uma língua oficial – o português – e um dialecto oficial – o tétum.
E que dizer das palavras do coordenador do PCLP: “efectivamente há um interesse de querer de algum modo fazer com que o português não se desenvolva. Isso nota-se perfeitamente: há ‘n’ jornais, por exemplo, no caso da comunicação social, que de algum modo têm financiamento de outros países, o que obviamente não ajuda nada”.
Torna-se claro que a dificuldade em apresentar uma estratégia própria se deve, mais do que certamente, ao tempo inevitavelmente gasto na investigação das estratégias dos que tentam minar a consolidação da língua portuguesa em Timor-Leste. Ainda por cima num terreno complexo como é o vasto mundo da comunicação social neste país. Nunca se pensou que houvesse ‘n’ jornais a serem financiados pelos inimigos da língua portuguesa – acreditava-se que pudessem ser apenas dois ou três mais direccionados para a comunidade anglófona. Realmente, com tanta circulação de jornais em inglês, qualquer timorense pode olhar para o lado e, mesmo sem querer, começar a falar inglês (pior, pode esquecer o português)! Não queremos (nós, os portugueses) que os timorenses saibam falar inglês – não é língua oficial.
Vejam a reportagem completa aqui.
1 comentário:
Olá. Sou jornalista, formada pela Universidade de Brasília, onde também cursei Letras por dois anos. Estou impressionada com a parcialidade e preconceito da abordagem desse colega!
Conheci seu blog pela comunidade de professores de português. Moro em Jacarta e adoraria conhecer Timor e o trabalho dos professores de português por aí. Sempre quis produzir um documentário sobre o tema. Quem sabe?
Um abraço, Maria Clara Machado
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