Texto de Marisa Ramos
Gonçalves.
Resumo:
«O movimento de solidariedade
pela independência de Timor-Leste em Portugal constituíu uma das manifestações
de união nacional mais marcantes da história contemporânea portuguesa. A
escolha do Português como Língua oficial desta antiga colónia emergiu junto da
opinião pública Portuguesa como uma opção lógica da liderança timorense e abriu
portas a um forte investimento público de cooperação no ensino e promoção da
Língua Portuguesa em Timor-Leste. No entanto, uma análise objectiva da
realidade social e política do período pós-independência em Timor-Leste teria
sido instrumental na orientação da cooperação Portuguesa para a escolha de
estratégias mais inclusivas e ‘apolíticas’ de ensino da língua. A Língua
Portuguesa é um factor de tensão entre a ‘geração de 1975’, educada no tempo
colonial português, e a denominada ‘gerasaun foun’ que cresceu durante a ocupação
Indonésia. O papel desta geração mais jovem na frente clandestina urbana e
junto dos movimentos pró-democracia indonésios foi indispensável na projecção
internacional da causa timorense. Se por um lado a geração que liderou a
resistência timorense na luta armada e na frente diplomática defende um
nacionalismo e identidade timorenses com raízes lusófonas, a ‘geração foun’
identifica-se com uma identidade pós-colonialista baseada nos laços étnicos com
Timor Ocidental e nos ideais de luta pela democracia partilhados com os
activistas indonésios. Este artigo argumenta que uma política de cooperação para
a promoção da Língua Portuguesa em Timor-Leste deverá construir-se a partir de
um conhecimento mais efectivo da realidade cultural e política local. A paz social
e o diálogo intergeracional saíriam mais beneficiados com programas especificamente
desenhados para a ‘gerasaun foun’ e a ainda mais jovem ‘gerasaun independensia’
e, por outro lado, com ênfase na valorização das línguas locais.»
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